
O Kwanza valorizou-se em 41 por cento face ao Euro e em 29,6 por cento diante do Dólar, no primeiro semestre, com a taxa de câmbio média a cair de 629 kwanzas por unidade da moeda europeia, em Dezembro de 2021, para 446,1, em Junho, e de 555, para 428,21 kwanzas por unidade da moeda norte-americana.
Estes números foram divulgados, ontem, pelo Banco Nacional de Angola (BNA), num relatório consagrado à “Evolução do Mercado Cambial no I Semestre de 2022”, onde atribui a valorização do Kwanza ao aumento da oferta de moeda estrangeira e à “adopção de uma política monetária prudente e consistente com as necessidades de liquidez da economia, viabilizando a desaceleração dos preços dos bens e serviços”.
O BNA acrescenta que a maior disponibilidade de moeda estrangeira foi impulsionada pelo aumento do preço do petróleo nos mercados internacionais e das receitas de exportação, bem como pela captação de recursos de financiamentos externos, onde se destaca a emissão de títulos da dívida soberana sobre o estrangeiro, ou Eurobonds.
O documento considera que, com base nessas variáveis do câmbio, a moeda nacional está “no seu valor de equilíbrio”, numa tendência iniciada com a adopção de uma estratégia de normalização do mercado câmbial que, entre 2018 e 2020, abrandou o ritmo da depreciação do Kwanza, para, a partir de 2021, inverter o quadro depreciativo e dar lugar a um processo crescente de valorização.
Trajectória dos ganhos
O relatório ilustra estes argumentos com um quadro a dar conta da evolução do câmbio desde Dezembro de 2017, quando o Euro estava cotado a 185,400 kwanzas, terminando o ano seguinte em 353,015, com o kwanza a perder 47,48 por cento, para encerrar 2019 em 540,817 (-34,73 por cento) e 2020 em 805,117 (-32,83 por cento).
Os números dizem que o câmbio do kwanza encerrou 2021 valorizado em 28 por cento, com a taxa de apreciação da moeda nacional a ascender a 40,99 por cento no primeiro semestre do ano em curso.
Em relação ao Dólar, o câmbio partiu de uma taxa de 165,924 kwanzas, em Dezembro de 2017, para 308,607 no mesmo mês de 2018 (com perdas de 46,23 por cento), de 428,227 no fim de 2019 (-36 por cento) e 656,225 no final de 2020 (-26,52 por cento).
Em 2021, indicam os dados, a moeda nacional fechou o ano a um câmbio de 555,981 kwanzas por Dólar, uma valorização e 18,24 por cento, para, no primeiro semestre de 2022 a taxa situar-se em 428,209 kwanzas, com ganhos de 29,61 por cento sobre a moeda dos Estados Unidos.
O BNA declara que também se verifica uma apreciação da taxa de câmbio Real Efectiva (TCRE) do Kwanza face às moedas dos principais parceiros comerciais de Angola, justificada pela apreciação da taxa de câmbio nominal do kwanza, bem como a redução dos preços relativos que continua a ser influenciada pela desaceleração da inflação.
O documento também mostra números a apontarem para uma relativa estabilidade dos agregados monetários M1(moeda em poder do público e depósitos à vista) e M2 (soma do M1 com os depósitos a prazo) ao longo do primeiro semestre deste ano, até ao ponto de não ter havido maior capacidade da liquidez susceptível de pressionar o câmbio durante aquele período, quando a oferta de moeda estrangeira também se revelou um factor preponderante para influenciar o curso do câmbio.
Oferta de divisas
Segundo o documento, no primeiro semestre de 2022, os bancos compraram divisas no montante de 6,8 mil milhões de dólares, 2,2 mil milhões dos quais ao sector petrolífero, 2,1 mil milhões ao Tesouro Nacional, 723 milhões ao sector diamantífero e 513,8 milhões do BNA, o que representa um aumento de 30,9 por cento comparado com o semestre anterior.
“A tendência do aumento do preço do petróleo nos mercados internacionais favoreceu as exportações angolanas, o que influenciou positivamente as expectativas dos bancos comerciais e demais agentes económicos”, lê-se no relatório.
O documento lembra que, “actualmente, as empresas dos sectores petrolífero e diamantífero, assim como o Tesouro Nacional, são os principais provedores de divisas ao mercado”, embora, “sempre que necessário, de forma pontual, o BNA intervém para vender ou comprar moeda estrangeira, tendo em atenção a necessidade de preservação das reservas internacionais”.
Essas intervenções, explica o documento, são feitas para manter as reservas internacionais “em níveis confortáveis para financiar as necessidades da balança de pagamentos e reduzir a volatilidade da moeda nacional”.
Reservas internacionais cobrem oito meses de importação de bens
As reservas internacionais situavam-se em 14.385,7 milhões de dólares no primeiro trimestre, ligeiramente abaixo dos 15.505,1 milhões do período anterior, sendo suficientes para cobrir oito meses de importações, mais que a meta de seis meses definida para convergência macroeconómica na SADC.
O relatório em que o banco central publicou, ontem, estes dados, nota que, a partir de 2022, foi revisto o apuramento das reservas, com a exclusão das Repo, títulos colateralizados em operações de financiamento ao BNA e depósitos do Tesouro em moeda estrangeira.
Outros números divulgados nesse relatório apontam para um stock da dívida externa pública no primeiro trimestre de 2022 situado em 50.420,3 milhões de dólares, inferior aos 51.261,3 milhões verificados no quarto trimestre do ano passado.