
A Diversificação da economia está finalmente em marcha, pois spesar da queda da extracção e refinação de petróleo em 2021, que já vale menos de um terço do PIB, a economia angolana cresceu 0,7%, quebrando um ciclo de cinco recessões consecutivas iniciado em 2016, segundo o relatório sobre as contas nacionais do IV trimestre do Instituto Nacional de Estatística (INE). Os números do crescimento no ano passado, confirmados a semana passada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), estão acima das expectativas do Governo (0,2%), do FMI (0,1%) e do Banco Mundial (0,4%) sobre o fim do ciclo recessivo.
A puxar a economia para cima em 2021 face a 2020 esteve a actividade do comércio, com um crescimento de 13,5%, o que evidencia que houve um aumento no consumo a nível nacional. Depois do petróleo, o comércio é o segundo sector que mais contribui para o PIB e foi o sector que ganhou mais peso desde 2015, passando de 13,0% do total do PIB para 17,4% em 2020.
Também a crescer esteve a actividade na Administração Pública, Defesa e Segurança Social Obrigatória (2,6%), serviços imobiliários e aluguer (3,0%), agro-pecuária e silvicultura (5,1%), indústria transformadora (0,6%), pescas (46,4%), transporte e armazenagem (28,9%) e diamantes (10,4%). Destaque também para o crescimento nos impostos sobre produtos (17,1%), correios e telecomunicações (1,4%) e electricidade e água (1,8%). O crescimento nestes sectores conseguiu compensar a queda no sector do suspeito do costume, o petróleo bruto, cuja extracção e refinação caiu 11,5% face a 2020.
O declínio da produção de petróleo em Angola arrasta-se há vários anos devido à falta de investimentos, sendo este declínio uma das principais causas da recessão económica do país. Face ao período anterior à recessão, quando Angola tinha registado o último crescimento económico, em 2015, o peso do petróleo no PIB caiu de 37,9% para 28,6% em 2021. Ou seja, por cada 100 Kz de riqueza gerada no país, 37,9 Kz tinham origem no sector de extracção e refinação de petróleo bruto em 2015, e no final do ano passado baixou para 28,6 Kz.
Mas a empurrar a economia para baixo esteve também o sector da construção (-6,7%), o que pressupõe que houve uma queda nos investimentos privados e também públicos. Também a intermediação financeira e de seguros caiu (-18,8%), o mesmo acontecendo com os serviços de intermediação financeira indirectamente medidos (-21,3%).
O PIB real corresponde aos bens e serviços finais produzidos durante um ano, avaliado a preços constantes de um determinado ano. No caso das contas nacionais trimestrais o INE utiliza os preços de 2002. Embora seja um indicador importante, a evolução da composição do PIB real por si só não permite tirar conclusões definitivas sobre a diversificação da economia, devendo ser complementada com outros indicadores, como a composição do PIB em termos nominais, utilizando os preços do ano corrente, das exportações e das receitas públicas.
Quanto ao Valor Acrescentado Bruto (VAB), ou seja, a diferença entre o valor da produção total obtida ao longo de um mesmo período e o valor total dos consumos intermédios absorvidos pelo processo corrente de produção ao longo desse mesmo período, o petróleo caiu 2,8% em termos homólogos. “Esta queda deveu-se à diminuição da quantidade extraída de petróleo, causado pelo fecho de alguns poços, baixa pressão dos reservatórios, causada por problemas mecânicos”, menciona o INE.
A Intermediação Financeira e de Seguros caiu 36,3% “motivada pelos bancos” comerciais. “A queda dos proveitos em relação aos custos no período em causa para os dados correntes na ordem dos 25%, e deflacionando-o para a obtenção do valor real em torno de -41%, visto que os mesmos bancos comerciais pesam em média mais de 70% do valor global da actividade”, revela o relatório.
Já as telecomunicações caíram 1,7%, devido, sobretudo “ao despedimento em massa de funcionários no período em referência, o que influenciou a redução da produção das Unidades Tarifárias de Telecomunicações”.
Por outro lado, a atirar para cima o Valor Acrescentado Bruto esteve a Agro-pecuária e Silvicultura (3,4%), devido “ao aumento da produção das culturas agrícolas, bem como a pecuária, como consequência do objectivo de fomentar a produção interna”, mas também os diamantes (20,0%), com o INE a revelar que esta variação se deve “ao regresso com maior número de pessoal para os projectos na extracção Industrial e ao aumento da produção Semi-Industrial”.
Já o VAB da construção subiu 5,3% devido “ao aumento de matérias de construção importada”. Mas o que mais cresceu foi o sector dos transportes, já que o seu VAB subiu 39,4%, devido ao “crescimento exponencial no subsector aéreo, fruto de aumento das frequências de voos resultantes das medidas de alívio da Covid-19, bem como a injecção no sector rodoviário de novos autocarros em circulação para o reforço de transportes público-privado de passageiros a nível nacional.”