Empresários aprovam medidas de alívio

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Os investidores de vários sectores da actividade económica angolana manifestaram satisfação plena com o conjunto de medidas avançadas, recentemente, pelo Executivo para aliviar o impacto nas contas das empresas e das famílias do choque gerado pela redução de recursos financeiros, inicialmente previstos na programação do Governo.

Administrador Executivo da SFT Angola, António Gama
“Temos de ajudar mais”

Que análise faz da decisão da Comissão Económica sobre as Medidas de Estímulos à Economia e Dinamização do seu Potencial?

É positivo. Estávamos sempre a dizer que o Imposto de Valor Acrescentado (IVA) em Angola não iria ajudar muito, para o sector industrial. Esta baixa de 7,0 por cento já estava estipulada e faltava para outros sectores, o que chega a ser uma mais-valia, principalmente, para a  produção local. Agora, como empresários, temos é que nos esforçar  em fazer mais e falar menos, ajudar mais e proibir menos, bem como fazer mais. Vamos conseguir, facilmente, atingir os objectivos.

Como avalia o processo de  reestruturação do BDA e do PRODESI?

Com relação às novas medidas do PRODESI e do BDA, o negócio de qualquer banco é vender dinheiro e, quando isso acontece, há que ter retorno. Logo, caso este processo de venda e retorno seja positivo, sempre haverá mais financiamentos. O PRODESI foi um programa que teve 30 a 40 por cento de sucesso. Muitos projectos ainda não terminaram; estão parados e agora precisam de ser refinanciados, daí que seja necessário termos cautela. Quando fizermos o programa, se for para financiar  um projecto, deve ser feito na totalidade. Por outro lado, a fiscalização,  aqui,  deve ser também um dos aspectos a ter-se em conta. É necessário analisar se o programa está ou não a ser bem executado. Todos os programas financiados pelo PRODESI precisam de ser controlados. Deve-se  criar equipas de controlo para que sejam  implementados na plenitude e não a meio, isto de formas a evitar que não haja desvios de fundo para outros destinos. O que augurámos é que os empresários mantenham o compromisso com a produção nacional e também com o reembolso dos diferentes empréstimos de que beneficiam. A capacidade de reembolso dos beneficiados influencia na continuidade do programa e na sua abrangência para os outros produtores interessados nos diversos apoios cedidos.


Administrador do Grupo Ros Bien, Ibrain Sayegh
“O objectivo é a produção nacional”

Que análise faz da decisão da Comissão Económica sobre as Medidas de Estímulos à Economia e Dinamização do seu Potencial?

São medidas bem pensadas. Para a realidade que o mundo está a atravessar, é necessário fazer o melhor, cada vez mais. Conseguir fornecer produtos ao consumidor final, que é o povo, e com menos custo possível. Como grupo empresarial, estamos a fazer a nossa parte. Trabalhamos, diariamente, para conseguirmos cumprir com os objectivos do Governo angolano, que é a aposta na produção nacional.

Como avalia o processo de  reestruturação do BDA e do PRODESI?

Com relação ao PRODESI, o grupo também considera positivo não só para o sector industrial, mas também para outros sectores produtivos. Conheço muitos programas de incentivo à produção nacional e financiamentos que foram implementados pelo Governo no âmbito do PRODESI, que veio dinamizar o sector do agro negócio. Como empresários do grupo Ros Bien, tivemos à primazia de aderir a um dos produtos que nos permitiu desenvolver o segundo projecto na Zona Económica Especial (ZEE), que é a fábrica de moagem de milho. Tivemos um financiamento parcial, ao abrigo do Aviso 10 do BNA e também do próprio PRODESI. Temos na mão, e agora, com a nova linha de financiamento a ser aplicada no processo de reestruturação, vamos, novamente, adquirir o produto do Aviso 10, que é um dos incentivos do PRODESI mais apropriado para nós. Um alívio económico é sempre positivo. O PRODESI e as medidas do BDA, sendo ou não reestruturado, continuarão a ser uma mais-valia. Quando se trata de alívio às contas, para os empresários, é sempre positivo. Facilita, porque  em vez de pagarmos IVA na importação de maquinarias, que é um valor elevadíssimo, pagar de forma parcelada e em 12 prestações não tem como não ser medida positiva. Vamos continuar a contar com o apoio do Executivo para nos apoiar e fazermos o nosso melhor.


Gerente da Fazenda Filomena, Ana Maria
“Decidimos aderir ao PRODESI”

Que análise faz da decisão da Comissão Económica sobre as Medidas de Estímulos à Economia e Dinamização do seu Potencial?

Com relação às medidas da Comissão Económica em diminuir o IVA, nós não nos abrange, porque como  actuamos no sector da agro-indústria já beneficiamos dos 7,0 por cento. Agora, para os outros sectores de actividade, veio mesmo a calhar, porque vai também facilitar os parceiros no que toca à produção e importação a todos os níveis. Já que na alimentação ainda estava 14 por cento. O que nos constou, é que o IVA será também diminuído noutros serviços e, desta forma, vai aliviar o custo de vida da população.

Como avalia o processo de  reestruturação do BDA e do PRODESI?

As medidas de financiamento do PRODESI para alavancar a produção nacional  elevam qualquer empresário na facilitação de produção, embora ainda estarmos a atravessar uma fase muito complexa. Como Fazenda Filomena, estamos a trabalhar no processo de financiamento do PRODESI para a outra parte do projecto e ver se conseguimos fechar na totalidade. Até à presente data, não aderimos aos programas de financiamento do PRODESI, porque tínhamos ainda condições para tal. Trabalhávamos com meios próprios, mas devido ao actual contexto do mercado, ficamos um pouco asfixiados nos custos. Daí que, decidimos procurar os serviços do PRODESI para ver se suporta-nos outra parte das despesas. O processo está em curso e a bom ritmo. Não temos tido grandes constrangimentos, que não esteja na nossa capacidade de resolver. As propostas são boas e aconselho aos demais investidores que queiram participar do financiamento do PRODESI, que a obtenham para a melhor organização, já que uma empresa organizada e com auditoria acompanhada facilita qualquer processo de obtenção de crédito junto dos operadores da banca.


Administrador Executivo do INAPEM, Braúlio Augusto
“Empresas vão ter maior folga”

Que análise faz da decisão da Comissão Económica sobre as Medidas de Estímulos à Economia e Dinamização do seu Potencial?

Sobre as medidas de estímulos à economia, tomada pela Comissão Económica do Conselho de Ministros, a avaliação é positiva, na medida em que foram decisões trabalhadas no sentido de aliviar, até certo ponto, algumas das dificuldades que as empresas estão a enfrentar, fruto da actual conjuntura. Portanto, o Governo entendeu assim estabelecer um conjunto de medidas concretas, quer de curto, médio e longo prazo, que irão permitir às empresas ter também uma maior folga. Ao nosso nível, enquanto órgão da Administração do Estado, o INAPEM terá também um papel importante pelo facto de ter sido enfatizada a valorização, cada vez mais da produção nacional. Portanto, somos o órgão responsável pela gestão do serviço “Feito em Angola”, dai que teremos uma palavra a dizer, sobre o que será a implementação ou efectivação concreta destas medidas. Por outro lado, devemos continuar a trabalhar na capacitação empresarial e no reforço das capacidades das empresas nacionais. Os desafios foram lançados pelo Governo  e enfatizado pelo Presidente da República, João  Manuel Gonçalves Lourenço. Agora, caberá as empresas, naturalmente, tirarem o melhor proveito daquilo que serão os benefícios resultantes dessas medidas. Vamos, desta feita, também reforçar aquilo que são os objectivos  de formação e capacitação das empresas de modo a aumentar a competitividade e torná-las, cada vez mais,  preparadas para eventuais choques externos, que as vezes são alheios à vontade e contra todas as previsões feitas pelas autoridades. É mesmo por essa razão, reitero, que o INAPEM concebeu planos e programas, através da tutela do Ministério da Economia e Planeamento, para assegurar, cada vez mais, que os empresários e as empresas nas suas diferentes estruturas sejam cada vez melhor geridas.

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